Summit ESG: debate aborda práticas nos setores público e privado

Summit ESG destaca a importância de um padrão corporativo para combater mudanças climáticas 

As práticas ambientais, sociais e de governança devem balizar a atuação das empresas neste século. Confira tudo que aconteceu no Summit ESG 2023. 

 
 
Fonte da imagem Summit ESG 2023/Reprodução 

O evento Summit ESG 2023, realizado pelo Estadão, promove nesta quarta-feira (14), uma série de painéis sobre a importância das práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) nos setores público e privado. 

Na primeira parte do evento, que aconteceu no auditório do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e contou com transmissão on-line, foi debatido como as práticas ESG têm um papel central no desenvolvimento das empresas e do setor de saúde e como as políticas públicas podem contribuir para uma agenda propositiva. 

Evolução do conceito ESG 

“ESG é um sistema que possui outros sistemas incorporados”, afirmou Marcela Argollo, head do Programa ESG na Revvo e na Plataforma AAA. (Fonte: Summit ESG 2023/Reprodução) 

Os conceitos ESG e de sustentabilidade se confundem, mas são diferentes. A sustentabilidade ganhou holofote no início do século passado, como parte de uma discussão ética sobre a função das empresas além do lucro. 

“A palavra sustentável é antiga, mas existia de uma forma muito técnica na engenharia florestal e de pesca”, explicou José Eli da Veiga, professor sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP). Hoje já se entende que o conceito busca entender quanto os recursos naturais podem ser explorados sem comprometer a regeneração do meio ambiente. 
 

O ESG, por outro lado, é um termo mais novo e, como conceitua Priscila Borin Claro, coordenadora do Centro de Estudos de Sustentabilidade e Negócios do Insper, “surgiu no mercado financeiro a partir do espelhamento da sustentabilidade empresarial, e busca olhar para questões ambientais, sociais e governança nas decisões de alocação de recursos financeiros”. Dessa forma, mais do que um conceito, ele se tornou um instrumento para atrair investimentos. 

Práticas ESG para mitigar mudanças climáticas 
 

Outro tópico abordado na conversa foi as mudanças climáticas. Elas já estão sendo sentidas em todo o mundo e representam um dos principais desafios para a humanidade. Nesse sentido, a Science Based Targets Iniciative (SBTI) tem colaborado para que as empresas possam atingir a meta de reduzir pela metade as emissões de gases poluentes até 2030 e atingir o net zero até 2050 para limitar o aquecimento global em 1,5°C. 

“As empresas estão entendendo que rapidamente o seu tempo de agir está se esgotando”, afirmou Luiz Fernando do Amaral, diretor-executivo (CEO) da SBTI. A iniciativa foi lançada em 2015, com a adesão de cem empresas aos planos climáticos. A prática se tornou um padrão corporativo e o número de organizações comprometidas subiu para 5,2 mil em 2023. Elas totalizam US$ 38 trilhões em capitalização, o que representa um terço da economia global. 
 

“Embora esteja claro que as metas baseadas na Ciência são boas para o clima, também foi demonstrado que elas melhoram os negócios”, avaliou Amaral. Os planos para a redução de emissões de carbono foram capazes de aumentar a confiança dos investidores, impulsionar a reputação das marcas, além de reduzir riscos e incertezas de regulamentações. 

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ESG como protagonista na indústria 

As melhorias contínuas são responsáveis pelo maior impacto nas práticas ESG das empresas. (Fonte: Summit ESG 2023/Reprodução) 

A indústria está no centro dos debates de redução de emissões e adoção de práticas sustentáveis. No caso da construção civil, em que os empreendimentos têm uma vida útil de 50 anos, isso é ainda mais importante.  

No entanto, o setor precisa transformar a eficiência energética em um bônus. “Quando as mudanças não são um ganho de competitividade, ficam perdidas na fumaça”, avaliou José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). 
 

“A inovação é o caminho para a busca de soluções sustentáveis”, declarou Gustavo Cicilini, vice-presidente de Recursos Humanos e Assuntos Corporativos da Nexa. A mineradora mantém uma plataforma que recebeu mais de 1,3 mil sugestões de como ser mais sustentável. Delas, mais de 70 foram implementadas e contribuem para as metas da organização de alcançar o net zero até 2050. 

O setor público e a busca pelo ESG 

A Agenda 2030 é ambiciosa e precisa de uma união de esforços ampla entre os setores público e privado, as universidades e cidadãos para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “O Brasil tem ilhas de excelência e boas iniciativas, mas em termos macro de legislação e cultura, temos muitos motivos para se preocupar”, avaliou Claudia Pitta, sócia-fundadora da Evolure Consultoria. 

Um dos bons exemplos é o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), responsável pelas soluções digitais do governo federal. “O planejamento estratégico da empresa contém ESG em todas as suas ações”, garantiu Alexandre Gonçalves de Amorim, diretor-presidente do Serpro. A estatal criou uma coordenação específica para tratar das questões ESG e pretende, entre outras metas, alcançar a paridade de gênero em cargos de liderança da empresa até 2026. 
 

A legislação pode ter um papel fundamental na mudança de mentalidade das empresas, incentivando a busca por melhorias na sociedade, para além do foco exclusivo no lucro. “O Estado pode ser um dos grandes compradores de negócios de impacto”, defendeu Rodrigo Gaspar, diretor de Novos Negócios do Sistema B no Brasil. Algumas leis já foram aprovadas nesse sentido, como os casos do Distrito Federal e Rio de Janeiro. 

Tecnologia e equidade em saúde 
 

A crise sanitária provocada pela covid-19 colocou em evidência a desigualdade social e a falta de acesso à saúde. Por outro lado, “a pandemia demonstrou que a tecnologia pode contribuir, dentro do espírito da busca de equidade, para que a gente chegue com a saúde a um número maior da população”, considerou Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. 
 

Um terço do orçamento gasto do setor poderia ser evitado com recursos tecnológicos, como telemedicina, inteligência artificial (IA) e plataforma de dados que promovem maior eficiência da gestão, aumentando o acesso à saúde. “Quando imprimimos objetivos de redução de custo naturalmente fortalecemos as questões de ESG”, argumentou Fábio Tiepolo, CEO da Docway. 
 

A tecnologia também pode melhorar a qualidade de vida das pessoas. “Na saúde, a gente tem muita informação, só que grande parte são dados não estruturados”, comentou Patricia Nader, líder de ESG e Investimentos de Impacto da Good Karma Partners. A integração dos dados de saúde permite diagnósticos precoces, o que aumenta as chances de sobrevida dos pacientes. 
 

Quer conferir os painéis do Summit ESG 2023 na íntegra? Veja toda a programação disponível gratuitamente no YouTube do Estadão

Fontes: Summit ESG 2023 

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